Auriculoterapia, um Resumo da História
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A Auriculoterapia é um método terapêutico da Medicina Tradicional Chinesa que trata disfunções e promove o alívio da dor através da estimulação de pontos no pavilhão auricular. Os pontos correspondem a órgãos específicos e funções do corpo, como pode ser observado no mapa auricular acima. Quando existe alteração a nível do órgão ou sistema, surgem alterações na zona da orelha correspondente ao mesmo, podendo esta ser alteração da cor, descamação da pele, uma veia mais saliente, dor ao toque, ficar com marcas após o toque, entre outras. Chama-se a estes pontos os “pontos reactivos”.
Ao pesquisar por este assunto, podemos encontrar duas escolas de Auriculoterapia: a escola chinesa e a escola francesa. Existem algumas diferenças no que respeita à teoria em si, mas os fundamentos de que os órgãos e sistemas de todo o corpo podem ser tratados através de pontos específicos na orelha são os mesmos. Na Auriculoterapia desenvolvida a partir das pesquisas de Nogier o estímulo é feito através de laser ou electricidade, não sendo utilizadas agulhas ou pontos fixos de estímulo.
Paul Nogier, médico francês considerado o pai da Auriculoterapia, concebeu a representação de um feto invertido na orelha.

Como podemos observar na imagem acima, já aqui se começava a relacionar as zonas do pavilhão auricular com as zonas do restante corpo. Em 1958, este mesmo médico realizou um estudo sobre a relação de certas zonas do pavilhão auricular com os órgãos internos. Em 1960, o médico Xu Zuo Ling demonstrou a aplicação clínica de 15 pontos do pavilhão auricular com resultados formidáveis. Já Nogier prosseguiu com as suas pesquisas e conseguiu determinar 43 pontos que tinham correspondência com órgãos e sistemas do corpo humano.
Mas a Auriculoterapia existia antes disso: foram encontrados diversos documentos que relatam a estimulação de diversas regiões do pavilhão auricular para tratamento de doenças no Egipto, na China e na Pérsia. Em 475 a.C., na China, os Meridianos foram ligados ao pavilhão auricular, embora não organizados de forma sintomática, mas antes como uma matriz dispersa na orelha.
Já em 400 a.C.. ainda que sem cartografias definidas, foi descrita a utilização do pavilhão auricular para o tratamento de várias disfunções. Hipócrates (400 a.C), considerado por muitos como o pai da medicina, relatou como tratou disfunções a partir de uma sangria na orelha de seu paciente.
A Companhia Holandesa das Índias Orientais trouxe em 1500 a Auriculoterapia Chinesa para a Europa, o que incluiu não só a acupunctura da orelha, mas também o desenvolvimento das agulhas hipodérmicas a partir das agulhas de acupunctura chinesa.
Zacutus Lusitanus, relatou no ano de 1637, descreveu tratamentos de sucesso realizados por ele em casos de dor ciática a partir da cauterização em um ponto específico da orelha.
Valsava, em 1717, descreve a região do pavilhão auricular na qual havia sensação de queimadura quando o paciente se queixava de dor de dentes.
Em 1960, já Nogier tinha iniciado os seus estudo, uma equipa de investigadores dedicados à acupunctura auricular na China verificaram a exactidão clínica da comparação de Nogier a um feto invertido. Avaliaram os pontos auriculares em mais de 2.000 utentes, ao mesmo tempo que Mao Tse Tung tentava retirar as influências ocidentais à Medicina Chinesa.
A Medicina Tradicional Chinesa vê o pavilhão auricular como um microsistema que reflecte as alterações do organismo (macrosistema). Todos os órgãos do corpo, incluindo nervos, vísceras e músculos, estão relacionados a pontos específicos presentes na orelha. Acredita-se que, através da pressão sobre esses pontos, seja possível aliviar dores, tensões musculares, crises psicológicas e até vícios.
Os princípios da Auriculoterapia estão intimamente ligados aos fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa, sendo eles o Qi, os Meridianos, a Teoria de Yin Yang, e a Teoria dos Cinco Elementos – diferente da Teoria dos Cinco Elementos da Ayurveda descrita neste post, os Órgãos Zang-Fu, os Líquidos Orgânicos e o Sangue (Jin Ye e Xue).
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