Caminhando até à gravidez
Tenho andado ausente do site, embora mais presente no Instagram. A razão para tal é que fui mãe em Maio e durante a gravidez e estes primeiros meses quis focar a minha maior atenção em mim e na minha bebé. Voltarei aos poucos a escrever por aqui.
Como prometi no meu último post no Instagram, hoje, no Dia Internacional para a Consciencialização para a Perda Gestacional e Infantil, deixo aqui um resumo da nossa caminhada até engravidar. É uma história com final feliz que sentia já há algum tempo que queria trazer para o mundo, porque pouco se fala de infertilidade e de aborto.
Quando começámos a tentar engravidar não sonhávamos com aquilo que ainda nos esperava. Foi uma caminhada mais ou menos lenta, onde houve muitos momentos de choro, de frustração, de questionamento, e até da minha culpabilização de mim mesma por tudo aquilo que estávamos a passar.
Tudo começou com diagnóstico de síndrome do ovário poliquístico (SOP), tendo eu na altura feito tratamentos para estimulação ovárica. Não fiquei muito desanimada porque assim eu já sabia (achava eu) a razão para não ter engravidado até ao momento. Contudo, após 3 ciclos mantinha os resultados negativos a cada teste de gravidez que fazia.
Ainda nesse ano fiz uma histerossalpingografia e foi-me dito que tinha obstrução bilateral das trompas de Falópio e que a resposta seria a Fertilização in Vitro (FIV), e útero septado (que foi corrigido cirurgicamente). Acho que para mim foi este um dos momentos mais dolorosos (a dor da perda gestacional, que aconteceu mais tarde, foi ainda maior). Um dia falarei melhor sobre isso.
Fiz vários tratamentos hormonais que me fizeram perder a minha auto-estima pelo inchaço que provocaram, deixei de me reconhecer quando me olhava ao espelho, e fiz três FIV que só acrescentaram negativos aos testes que já antes eu tinha feito.
A dado momento comecei a sentir que estava a forçar demasiado, que não era por ali o caminho… Senti que tinha de desintoxicar o corpo de toda medicação que tinha feito, fazer uma pausa e colocar a cabeça em ordem. Em Dezembro de 2018, no dia em que ia começar a medicação para nova FIV, decidi escutar uma voz que me tinha dito para fazer um teste antes de recomeçar. O positivo tinha chegado sem necessidade de mais intervenções médicas.
Em Fevereiro tive um aborto espontâneo e o meu mundo desabou novamente. Fiz o luto, a minha recuperação física também não foi nada fácil, e decidi juntamente com o Sérgio que iríamos esperar… Se tinha engravidado de forma natural uma vez, quando chegasse o momento iria conseguir novamente.
Continuei a tratar da cabeça (pedi ajuda profissional porque já não estava a conseguir dar conta da minha cabeça sozinha) e do corpo. Mudei algumas coisas na minha vida e nos meus hábitos, e também na forma de olhar aquilo que me tinha acontecido.
Aproximando-se Setembro de 2019 e sem ter retomado nenhum dos tratamentos anteriores (continuava a ser acompanhada pelo meu ginecologista), senti que devia novamente fazer um teste, também tive alguns sinais do meu corpo que me indicavam a possibilidade de estar grávida (como, por exemplo, alguns sintomas que tinha tido no início da gravidez anterior e a temperatura basal que avaliava ao acordar que se manteve elevada), e assim que a menstruação falhou um dia lá estava eu de manhã a fazer sem dizer nada a ninguém.
Vivi a segunda gravidez de forma muito diferente desde o início… Com cautelas mas sem o medo constante que sentia (agora sei) na primeira gravidez. Senti-me tranquila, presente no momento.
Tive amigos, familiares e o meu marido que sempre me apoiaram e nunca me senti julgada. Nos momentos em que a escuridão surgia tive vários braços onde pude chorar. Todo este caminho foi feito sempre a ser lembrada pelo Sérgio que era um caminho nosso, dos dois, não apenas meu.
E desta história toda resultou a bebé arco-íris que veio colorir as nossas vidas 💕
Tenho mais algumas coisas para vos dizer sobre isto mas por agora ficamos por aqui 😉
2 Comments
Sara Tibério
Obrigada por partilhares a tua história inspiradora e que é, infelizmente, muito mais comum do que se sabe… é preciso falarmos nisto sem medo! Vocês mereciam este final feliz 💜 Beijinhos para ti amiga, para o Sérgio e para a minha sobrinha arco-íris!
Joana
Obrigada eu pelo apoio que foi a tua companhia também, na pequena parte do percurso em que me acompanhaste, já na altura da perda gestacional. É muito bom saber que aqueles que me rodeiam estão comigo, seja em que situação for. Um grande beijinho.