alienação
Reflexões,  Saúde

Culpabilização e Alienação Espiritual

Hoje terminamos esta série de textos decorrentes de uma pesquisa aprofundada sobre culpabilização e alienação espiritual. Podes ler os textos anteriores:

1º: Culpabilização nos movimentos religiosos e terapêuticos alternativos

2º: O que é empoderar e como podemos efectivamente ajudar?

Sinais de alienação espiritual 

Alguns sinais de alienação espiritual estão presentes em frases que induzem as seguintes ideias:

“És tu que crias a tua própria realidade.”

“Ninguém te pode magoar sem o teu consentimento.”

“Tudo acontece por uma razão.”

“Essa doença está a afectar-te porque ainda tens mágoas contra pessoas que abusaram de ti”

“Não tiveste fé suficiente para manifestar a vida que desejas”

Algumas das formas sugeridas pela comunidade Betrayal Trauma Recovery para que as pessoas identifiquem e se possam proteger desse tipo de alienação são:

  • Definir e manter um limite pessoal que te ajude a compartilhar a tua experiência e dor apenas com pessoas seguras e de confiança [não com qualquer um nas redes sociais que se diga “terapeuta holístico”
  • Quando sentires que um gatilho disparou e que algo não está certo no meio de uma conversa ou sessão terapêutica, é importante definir um limite e acabar com essa relação, retomando-a apenas com uma pessoa confiável 
  • Praticar afirmações sobre o trauma que podes dizer em voz alta quando fores confrontado com uma possível situação de alienação, como por exemplo: “Sinto-me magoado porque fui ferido”. “Não posso causar, curar ou controlar o comportamento de outra pessoa.” 

Formas de combater a alienação espiritual

Para combater a alienação espiritual é importante:

– Ter apoio psicológico profissional ou de uma pessoa amiga ou familiar de confiança que ajude a ter uma perspectiva crítica sobre o assunto;

– Procurar perceber qual a origem e o fundamento da teoria difundida pelos terapeutas holísticos, nomeadamente os das designadas “terapias da nova era“ (algumas delas criadas sob falsos pretextos científicos);

– Procurar informações de fontes fidedignas sobre a formação académica e/ou profissional dos terapeutas;

– Perceber a conduta dos líderes religiosos e espirituais fora do encanto e do brilho das redes sociais – São pessoas que fazem a diferença na sua comunidade? Participam em voluntariado? São abertos ao diálogo com outras crenças e filosofias? Têm a “folha limpa” criminal e financeiramente?

– Ler muito e investigar por conta própria sobre crenças, mitos, saúde ou procurar quem possa ajudar nessa pesquisa, de uma forma imparcial e idónea.

Lutar contra a culpabilização

Para combater a culpabilização é importante:

– Não estar sozinho, procurar uma rede de apoio de confiança;

– Dar suporte emocional, mas não só, a quem está a passar por dificuldades – inclui sair do nosso círculo de amizades e/ou crenças e olhar quem está à nossa volta e manifestamente precisa de ajuda;

– Sensibilizar a sociedade e as comunidades religiosas para apoiar em vez de condenar; 

– Ajudar à construção de redes de apoio social e psicológico para receber e ajudar pessoas que saem fragilizadas destes meios terapêuticos alternativos e religiosos, criando condições para que sejam autónomas e retomem o poder sobre as suas vidas.

O que todos podemos fazer para ajudar

É obrigação de todos nós ouvir os líderes religiosos, nomeadamente os mais ortodoxos, e arranjar formas de os sensibilizar e reeducar, sem que tenham de contrariar as suas práticas e a sua fé, no sentido de que as mulheres têm direito à sua autonomia e que, em caso de maus tratos devem ser apoiadas (e não acusadas) pois isso terá um impacto positivo e ajudará a sua comunidade a florescer.

Acreditamos que a verdadeira espiritualidade deve ser praticada no terreno, interferindo, educando e influenciando as comunidades sejam ou não religiosas e espirituais. Precisamos das mulheres em lugares chave nas empresas, na política, na ciência e precisamos de homens que escutem, que sejam sensíveis a estas causas e se predisponham a agir.

Precisamos cuidar da nossa saúde, investir na prevenção, procurar ajuda psicológica, buscar uma actividade complementar que nos ajude a lidar com o stress do dia a dia e até práticas que potenciem o nosso bem estar emocional e espiritual através do autoconhecimento. E, sempre que possível, dar a oportunidade a quem não tem as mesmas condições sociais e financeiras que nós, de o fazer também.

Precisamos sobretudo de diálogo, de compreensão e amor.

Um abraço. Esperamos que tenhas gostado. Podes deixar-nos sempre a tua opinião, e estamos abertas à troca de ideias.

Autoria, pesquisa e redacção:

Joana Silva, terapeuta e autora do site www.terapiasdalma.pt e Patrícia Gomes, terapeuta e autora do site www.nemsemprezen.pt  (Dezembro 2021 – Março 2022)

Bibliografia:

Ávila, A. Aragão. (2019). “Armadilhas da culpabilização materna”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 28, n. 2, e65236. Visor Redalyc – Armadilhas da culpabilização materna

New Age Bypass Is Victim-Blaming | Betrayal Trauma Recovery – consultado em 31/01/2022

No, We Don’t Create Our Own Reality | Psychology Today – consultado em 12/12/2021

Ex no útero? O que é a reconsagração do ventre – consultado em 01/02/2022


Joana

O meu trabalho passa pelas áreas do Sagrado Feminino, Tarot e Óraculos, Mitologia e Contos de Fadas. Todas estas terapias contribuem para o auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal. Sou enfermeira e trabalho também com a Ayurveda. Adoro ler desde que me lembro de ser gente e os livros são um dos meus maiores vícios. Sou uma mãe loba mega babada de uma bebé arco-íris. Aqui podes encontrar informação sobre as terapias que realizo, os produtos e serviços que ofereço, e vários textos meus, alguns deles reflexões pessoais, outros sobre os assuntos que estudo. O meu objectivo é ajudar-te a encontrares ferramentas adequadas a ti para o teu auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal, bem como conseguires um maior bem-estar.

O meu trabalho passa pelas áreas do Sagrado Feminino, Tarot e Óraculos, Mitologia e Contos de Fadas. Todas estas terapias contribuem para o auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal. Sou enfermeira e trabalho também com a Ayurveda. Adoro ler desde que me lembro de ser gente e os livros são um dos meus maiores vícios. Sou uma mãe loba mega babada de uma bebé arco-íris. Aqui podes encontrar informação sobre as terapias que realizo, os produtos e serviços que ofereço, e vários textos meus, alguns deles reflexões pessoais, outros sobre os assuntos que estudo. O meu objectivo é ajudar-te a encontrares ferramentas adequadas a ti para o teu auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal, bem como conseguires um maior bem-estar.

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