Artemis, Personificação da Individualidade e Independência
Artemis é uma deusa que vemos na mitologia grega associada à lua, mais especificamente à fase crescente que representa a fase do arquétipo da Donzela/Virgem.
Sendo uma deusa Virgem ela ensina-nos o valor que temos enquanto seres únicos mesmo quando não estamos num relacionamento, mostrando-nos esses aspectos de completude, inteireza, e mantendo a autoconfiança. Artemis tem uma energia masculina bem estruturada e por isso não necessita de uma figura masculina exterior. Aliás, ela é muito confiante em quem é e naquilo que faz, não necessitando de aprovações externas. As pessoas que têm forte identificação com esta deusa percorrem o seu próprio caminho, sentindo-se bem consigo mesmas.
Ela simboliza aquele nosso lado mais energético, activo e independente. É representada por aquela pessoa que não necessita de estar num relacionamento para se sentir feliz e completa, compreendendo bem o seu próprio valor, e quando decide relacionar-se com alguém irá sempre manter uma certa independência.
Artemis simboliza ainda coragem, liberdade e individualidade.
Guiava as ninfas, e elas recorriam a esta deusa para ajuda, havendo também presente a cumplicidade e união entre mulheres, a sororidade. Por outro lado, uma pessoa que se identifique fortemente com Artemis tem também tendência a defender fortemente as causas e princípios nos quais acredita, e sai sempre em defesa daqueles que são injustiçados.
Artemis é também a deusa da caça, sendo o arco e flecha símbolos importantes. Para os utilizar é necessária pontaria mas também estar em equilíbrio: acreditavam que estar irritado antes de ir caçar significava certamente errar o alvo, e Artemis nunca falhava. Além disso, esta pontaria requer também uma inteligência instintiva (que é diferente da inteligência racional). Então, esta deusa também representa a busca do nosso centro, o nosso estado de equilíbrio interior. Mostra-nos como no nosso processo de desenvolvimento pessoal precisamos de paciência, sem querer acelerar os nossos processos internos, dando-nos tempo para reequilibrar.
Além disso, o arco permite acertar no alvo seja de perto ou ao longe, o que mostra que pessoas com grande ligação a Artemis têm a capacidade de se concentrar intensamente naquilo que é realmente importante, sem se distrair com competições. Quanto muito, essas competições ainda trazem mais “excitação da caçada”, dando-lhes ainda mais incentivo.
Estas pessoas são focadas nos seus objectivos pessoais, e persistem independentemente dos obstáculos que possam encontrar.
Artemis preferia habitar nas florestas e por isso muitos autores consideram que esta deusa de certa forma rege o inconsciente, aquelas regiões mais escondidas da nossa mente, os instintos e os aspectos mais primitivos e inexplorados da psique (onde se encontra a nossa floresta interior). É ainda representação daquele nosso lado que prefere estar na natureza do que a vida na cidade.
Um dos significados do veado que muitas vezes vemos a acompanhá-la é a liberdade, e pode também ser representada na companhia de um urso que, entre outros significados, representa coragem e poder de acção, e também protecção (Artemis era considerada a protectora das jovens, nomeadamente na pré-adolescência). Podemos vê-la com diversos animais, cada um com um significado específico, mas todos eles com o simbolismo comum de conexão com a natureza.
O lado destrutivo de Artemis
Nem tudo são rosas, e por isso Artemis também representa aquele nosso lado mais calculista e desafiador, escondendo muitas vezes através da confrontação e de uma armadura forte quando algo nos magoa; esta deusa resiste ao poder do pai, e transpondo para a vida, nestas situações podem surgir pensamentos como ser-se insuficiente ou uma mágoa que se tenta disfarçar.
Quando fica zangada, por outro lado, esta deusa tem uma raiva destrutiva e não mede as consequências dos actos.
Por último, podemos encontrar um pouco de Artemis naquela pessoa que está tão focada nos seus objectivos que pode ser vista como fria e emocionalmente distante, por não notar os sentimentos daqueles que a rodeiam, embora nada disto seja propositado, ela simplesmente está muito concentrada naquilo que pretende atingir.
Estratégias para quem se identifica com estas características:
Quem se identifica com Artemis beneficia da retirada da máscara, deixando mostrar a sua vulnerabilidade, em vez de guardar na gaveta tudo aquilo que a incomoda e a magoa.
É importante cuidar da criança interior, o que passa por dar colo a si mesmo e olhar para as próprias necessidades em vez de se focar apenas em objectivos externos.
Artemis não se sentia aceite pelo seu pai, e apesar de passar a imagem que não se importava, há coisas que deixam marca. Esta criança interior, por não se sentir amada muitas vezes acaba por não escutar ninguém, mais que não seja por teimosia, o que pode levá-la a ser inconsequente.
Quanto à raiva, esta deve ser assumida, admitindo que este lado mais obscuro existe e trabalhando nele antes que consuma a própria pessoa ou as relações com os outros.
Por outro lado, e visto serem normalmente pessoas que gostam de se manter activas e envolvidas em projectos que sejam do seu interesse, a raiva destrutiva pode ser canalizada para a criação de algo positivo. Pegando nessa força e utilizando a simbologia do arco e flecha, sem sair a disparar a primeira ideia que tem mas com o foco aguçado e planeamento, os resultados podem ser brilhantes (ela nunca falhava o algo, não é?!). Por isso Artemis, apesar de ter essa sombra relacionada com a raiva, nos lembra de buscar o equilíbrio.
Identificas algumas destas características em ti?
Adivinhas que personagem da Disney me recorda a energia de Artemis?
A Mérida do filme Brave/Valente, com a sua paixão pela aventura e a atitude desafiadora para com a mãe (um dos meus filmes favoritos de sempre e do qual tenho tanto para dizer).
Imagem do início do texto: autor desconhecido